Os "meses coloridos" são campanhas de conscientização que utilizam cores para promover a discussão e a ação em torno de diversas questões de saúde e bem-estar. A ideia de campanhas de conscientização associadas a cores específicas não é nova, mas seu formato moderno ganhou mais força a partir da década de 1980.

Um dos primeiros e mais notáveis exemplos de um "mês colorido" foi a campanha do Outubro Rosa, que surgiu como um marco significativo na conscientização sobre o câncer de mama. Tal campanha teve início em 1990 nos Estados Unidos (EUA), com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o câncer de mama e promover a prevenção e a detecção precoce da doença.

O Outubro Rosa talvez seja a campanha que mais ajudou a popularizar no mundo o conceito de associar um mês específico a uma cor para levantar a bandeira de conscientização na saúde.

A cor rosa foi escolhida para simbolizar a campanha, e o laço rosa rapidamente se tornou um ícone globalmente reconhecido, ajudando a aumentar a visibilidade da doença e incentivando as mulheres a realizar exames regulares. O sucesso da ação incentivou a criação de outras campanhas, como o Março Lilás, mês de conscientização e combate ao câncer de colo do útero.

Uma das grandes bandeiras do Março Lilás é a prevenção contra o vírus HPV (papilomavírus humano) por meio da vacinação. A infecção pelo HPV é responsável por 99% dos casos de câncer de colo do útero, um tumor que hoje mata 19 mulheres por dia no Brasil e é a segunda maior causa de morte por câncer em mulheres entre 20 e 49 anos.

Além da vacinação, a realização de exames de rotina e o tratamento adequado tanto de lesões pré-cancerígenas quanto câncer são essenciais no investimento das campanhas de conscientização.

Hoje, cada mês do ano é associado a pelo menos uma cor e a uma causa de saúde específica, em um calendário anual de conscientização que ajuda a educar a população e a mobilizar recursos para a luta contra doenças e condições diversas. Além da conscientização a respeito dessas doenças, os meses coloridos desempenham também um papel importante na arrecadação de fundos para pesquisa e apoio a pacientes, especialmente quando há envolvimento de associações em prol de pacientes envolvidas na causa. Corridas e jantares beneficentes, por exemplo, são realizados para engajar a comunidade e aumentar a participação em atividades de arrecadação.

Dessa forma, os meses coloridos ajudam a criar um senso de comunidade, oferecendo uma plataforma para que pacientes e grupos se unam em torno de uma causa comum. Pessoas que são afetadas diretamente por uma condição de saúde, assim como seus familiares e amigos, podem encontrar apoio e conforto ao ver a cor associada à sua causa sendo promovida e discutida amplamente. Essa visibilidade pode ajudar a reduzir o estigma e a promover a empatia e a compreensão a respeito das doenças.

Na luta contra o câncer, a promoção da conscientização é fundamental para a promoção de hábitos saudáveis por parte da população, a realização de exames de rastreamento e a busca por tratamento adequado.

A promoção da saúde começa com boa qualidade de vida e prevenção. Especialmente na oncologia, quanto antes os tratamentos foram iniciados, mais aumentam as chances de sobrevida e cura dos pacientes. Além disso, o apoio à pesquisa e o acesso a tratamentos inovadores também são pilares essenciais nessa luta. É importante destacar que a conscientização contínua e efetiva só é possível por meio da colaboração entre governos, organizações de saúde, instituições de pesquisa, profissionais de saúde e a sociedade em geral.

Somente juntos podemos avançar na prevenção e tratamento do câncer, tornando cada mês do ano uma oportunidade para fortalecer essa causa.
 
Sandra Monteiro é Diretora de Oncologia da MSD Brasil.